Sabes, ainda não aterrei. Quer dizer, claro que sim, os meus pés tocam este solo luso mas... mas ainda não aterrei.
Ainda não tenho casa minha, ainda não tenho trabalho meu, ainda faço constantemente e sem me dar conta comparações entre o meu modo de vida em Angola e em Portugal, ainda estou na fase dos reencontros e abraços, ainda me sinto deslocada, ainda apaziguo dolorosas saudades de quem conheci em Angola, ainda sinto o cheiro da terra angolana e ainda visualizo as maravilhosas palmeiras e as águas quentes do Mussulo de forma tão clara que até parece que basta ir já ali apanhar uma chata* para passar um dia maravilhoso de praia com os miúdos.
Ainda me sinto a retornada. A que regressou para iniciar a sua vida na terra que a viu nascer. A que foi e teve tanto mas agora está a correr atrás para ter o básico.
Sim, posso estar a ser melodramática. Mas a sensação de estranheza é constante. É diária.
Sei que vai passar. Não sei é quando. E isso faz-me confusão...
* pequena lancha que faz a ligação entre a costa de Luanda e a peninsula do Mussulo
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