Ser Mãe é transcender fronteiras!
Isto é uma forma muito mais bonita de dizer que as Mães estudam todas pela mesma cartilha - expressão antiquada e que não remete para a abrangência que a sua nova versão atinge.
Estejas no continente europeu ou no africano, dizes 100.000 vezes as mesmas coisas, num ritmo alucinante, sem que te falte o ar: da confirmação dos dentes lavados ao repelente, passando por todos aqueles pormenores que Mãe revê, tipo enfermeira instrumentista antes da cirurgia: bisturi, pinça, esponjas.... e que não podem falhar.
Não por nós Mães, mas por eles filhos - embora eles não o entendam assim e nos respondam com aquele revirar de olhos que acompanha o inclinar de cabeça para a direita, com ar de enfado que tem um único efeito: fazer-nos falar ainda mais depressa, pelo desagrado de ver essa postura!
Estejas no continente europeu ou no africano, as crianças desenvolvem capacidades ninjas que as levam a dar alguns passos em silêncio (Como?! Se quando eles se viram na cama, eu salto da minha, para ver está tudo bem!?!), a subir para a cama dos Pais e a nela se instalarem, até que os adultos e apercebam, por via de uma agressão inesperada, que a cama tem mais um inquilino - ou dois, ou três!
Claro que tal não é correto, nem seguro, nem isto, nem aquilo, e é um mau hábito. Mas eu admito que quando a vida o permite, ter aqueles dois enroscadinhos, quentinhos e sossegadinhos a tentar fazer esticar o tempo só por mais uns instantes em que somos só nós, sem relógio, sem checklist, sem 'ter de' nada... ai sabe tão bem! Seja verão ou inverno! Tê-los ali, um nadinha, só meus, pequeninos, nos meus braços... tão bom! Mas tão bom, que mando o 'correto' lixar-se com as letras todas. E depois tenho de fazer a revisão de todos os passos ainda mais depressa, para que nada falhe!
Estejas no continente europeu ou no africano, uses cassete, CD ou até vinyl - que o vintage está na moda! - vais sempre tentar fazer o correto e procurar que os miúdos usufruam e aproveitem, sem que se perca a orientação das regras que sustentam a rotina que nos orienta.
Porque a rotina faz bem e ajuda a cresce de com referências. Claro! E por isso mesmo é que tem de haver aqueles dias em que a rotina é não haver rotina.
Aqueles dias em que mandamos o relógio e o calendário às urtigas e apenas SOMOS!
Ai como eu gosto disso!
Claro que soa sempre melhor na teoria, do que se concretiza na prática, mas... ultimamente tenho-me apercebido que dou AINDA MAIS valor aos pormenores, às pequenas coisas, ... ao sorriso do F que depois de me ouvir falar com alguém solta um esgar divertido em jeito de: "Esta minha Mãe!"; à pressa com que o E quer partilhar comigo algo importantíssimo que aconteceu na Escola e que é tão importante-que-ele-tem-de-falar-já-e-tem-mesmo-de-dizer-e-já-e-agora-e-depois... esquece-se!; ao abraço 'parte costelas' que o F me deu naquele dia em que eu disfarcei o mau humor, mas afinal não disfarcei nada e ele achou que um xi-coração era mesmo o que eu estava a precisar (e não é que era mesmo?); à vitória do E quando junta letras para ler palavras mais longas e complexas e, sem ensaio, consegue ler palavras 'de crescidos' (sim, que tudo o que é menos fácil, só pode ser de crescido!).
É... isto de ser Mãe tem muito que se lhe diga.
É um desafio constante e leva-nos a limites que nem sabíamos ter.
Mas mesmo que nos sintamos repetitivas, a verdade é que em cada aventura dos nossos filhos vivemos de uma outra forma aquilo que até pode parecer banal - mas não é, porque é deles.
Enfim!
É, minha querida Amiga, isto é como eu já li algures: ser Mãe é transcender fronteiras!
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