29 de janeiro de 2016

A PROPÓSITO DAS COSTAS DOS MEUS FILHOS...

.. só faltam 3 dias. 3 dias...

27 de janeiro de 2016

AS COSTAS DOS MEUS FILHOS SÃO TÃO BONITAS...

Tu sabes que eu adoro os meus filhos! Eu faria qualquer coisa por eles, daria a minha vida por eles. Tu sabes.

Mas depois de 4 meses, mais precisamente 126 dias!, em casa com eles, 24 horas por dia... estou ansiosa por os ver pelas costas!!!!

Estou em contagem decrescente para o inicio do ano lectivo em Angola. É já na próxima segunda-feira! Daqui a 5 dias!!! Ai ai... suspiro pela próxima segunda-feira. A partir desse dia, já não vou ter 3 crianças a pedir-me coisas de 5 em 5 minutos, a berrarem uns com os outros por causa da escolha do canal de desenhos animados, a chatearem-se porque um não emprestou X e outro estragou Y que era de H...

Na próxima segunda-feira, quando chegar a casa depois de deixar os miúdos na escola vou ouvir... nada. Nada! Vou entrar em casa e tudo vai estar silencioso. Deliciosamente silencioso. 

É claro que vou estar de coração apertado porque vai ser o primeiro dia de escola para os 3, com todas as ansiedades e preocupações normais dos mais pequenos, que nós também iremos absorver. Mas isso passa-me! Foram 4 meses, 24 horas por dia, 7 dias por semana, com 3 crianças vivaças e exigentes a reclamar a minha atenção total ininterruptamente! Vai-me passar rápido! 

Pronto... na terça-feira já sei que vou estar menos eufórica por não ter os miúdos em casa... 

Mas na próxima segunda-feira, gozar o silêncio de uma casa sem crianças vai ser o maior dos privilégios!

(Puxa, estou mesmo cansada...)

20 de janeiro de 2016

A melhor Mãe do Mundo!

Estou em crer que, seja em que continente for, o estado natural de uma Mãe é preocupada.
Se não for com a logística inerente a cada filho e as suas rotinas, há de ser com o seu desenvolvimento.
Se não for com a alimentação e a saúde física, há de ser com a saúde psicológica.
E se não for com nada disso, uma Mãe vai preocupar-se com o facto de poder não estar a ser a melhor Mãe que ela consegue ser.
Mas afinal o que é isso de ser a melhor Mãe?
No momento em que nasce um bebé, nasce uma Mãe.
Sem manuais.
Sem notas de rodapé explicativas.
Sem qualquer pista.
Nasce o bebé, nasce a Mãe e agora: entendam-se.
E tudo se repete a cada filho. Sim, que do segundo e do terceiro e dos seguintes a Mãe já tem umas noções, mas volta tudo a um estado de ... não zero... mas zero vírgula cinco, porque cada filho tem o seu feitio, a sua personalidade.
Portanto, isto de dar o melhor... será que é mesmo andar a correr, sempre em stress, sempre atrasada, sempre a verificar se nenhum detalhe falha, sob pena de, caso falhe, sermos uma má Mãe?
Será que é por a vida quase em banho-maria porque os filhos precisam de nós?
Será que é deixarmo-nos de lado para darmos sempre e só prioridade aos pequenos?
Tenho ouvido muitas Mães falarem e tenho-me apercebido que há muita preocupação com o que fica bem uma Mãe dizer ou fazer. Ao ponto de haver quem apregoe morais que não pratica. Isso incomoda-me; não porque eu não o consigo fazer, mas antes porque não compreendo que haja quem pense que tem de o fazer.
Assim, creio que a cada Mãe apenas é pedido que ame os seus filhos e muito; que o demonstre com muito carinho e mimo e colo e todas aquelas manifestações que nos sabem tão bem; e que sinta que está a dar o seu melhor - porque, na prática, não podemos fazer muito mais que isso.

Minha amiga: aqui me confesso, Mãe em aprendizagem, com orgulhosas falhas e muitas atitudes que não ficaria bem contar - sim, que Mãe baixa as calças do filho em público porque ele não quis dançar com ela, ou anda na estrada com o carro cheio de crianças, janelas abertas, rádio no máximo enquanto canta uma certa melodia do Pharrell? ;)- mas com filhos que volta e meia olham para mim, sorriem e dizem "É, a minha Mãe é assim!", com um misto de "Oh, Mãe!"-não-faças-isso-olha-as-pessoas com esta-é-a-minha-Mãe-ah-pois-é!

13 de janeiro de 2016

ENXOVAIS E PREOCUPAÇÕES...

Quando cheguei a Luanda, uma das primeiras imagens que vi e que me marcou o coração foi o das mães angolanas a "zungar", ou seja, a vender na rua todo o tipo de mercadorias, que carregam na cabeça, com um filho às costas, atado por um pano que amarram na frente à altura do peito, debaixo de um sol escaldante. Ainda mais marcante é a imagem de uma destas mães, carregando o produto a vender na cabeça, com o filho às costas e grávidas. Como é possível eu queixar-me da dor no braço pela meia-hora de colo que dei ao mais pequeno? Não, não me atrevo!

Em determinadas formas de pensar a maternidade e preparar o nascimento do bebé, há diferenças abismais entre a mãe portuguesa (realidade que conheço, ou seja... eu!) e a mãe angolana:

A mãe portuguesa:
. antes do bebé nascer, compra as roupas fofas para levar para a maternidade e para os seis meses seguintes, pelo menos. Conta com o facto de vir a ter mais roupa quando o bebé nascer, advinda dos presentes oferecidos por quem a irá visitar para conhecer o petiz;
. pesquisa afincadamente na internet sobre qual o melhor carrinho de mão para levar o bebé a passear, qual a cadeira-auto para recém-nascido mais segura, qual a marca de detergente para a roupa mais hipoalergénica do mercado, qual a marca de carrinho de mão mais trendy e qual a melhor forma de ter o carrinho, a alcofa e a cadeira de carro dessa marca ao menor preço possível. Ou oferecido...;
. perscruta no espelho qual o melhor ângulo para não parecer um bisonte (sem ofensa para os bisontes...) mas sim uma grávida fofa e que "nem engordou nadinha, só tem barriga";
. lê todos os artigos que oferecem dicas sobre como ser uma boa mãe, tem pelo menos um livro sobre como cuidar de bebés e absorve dogmaticamente os conselhos dados pela enfermeira do centro de saúde no curso de maternidade e pela enfermeira/técnica de saúde do curso de maternidade oferecido pela loja de roupa e acessórios para bebé - mesmo que entre ambos alguns sejam contraditórios...;
. se mãe de primeira viagem, deposita todos os seus sonhos neste bebé; todas as ansiedades e preocupações sobre se será capaz de ser uma boa mãe, também;
. descobre sistemas de segurança para fixar cadeiras-auto agregados aos cintos de segurança do carro que desconhecia!
. constata que mais brinquedos não significam mais felicidade para os seus filhos.

A mãe angolana:
. antes do bebé nascer, confia que os familiares e vizinhos irão oferecer um enxoval de roupa para o recém-nascido. E oferecem...;
. tem os seus filhos no hospital mais próximo ou na própria casa (grande parte das vezes é em casa);
. ainda grávida, já possui muita informação sobre os cuidados básicos a dar a um bebé, pois muito provavelmente ajudou a sua mãe a criar os seus irmãos mais novos; muitas vezes foi ela a "mãe" quando era ainda criança;
. não tem carrinhos de mão para passear o bebé, isso são "mariquices"; o meio de transporte usual do bebé ou criança de colo é mesmo nas suas costas, seguros por um pedaço de tecido que aperta com um nó à frente, achatando completamente as suas glândulas mamárias;
. se mãe de primeira viagem, sabe que dificilmente conseguirá cuidar e fazer tudo bem sozinha; a ajuda - e por vezes irritantes opinanços sobre a forma mais correcta de fazer as coisas - dos seus ascendentes, sogra incluída, é algo adquirido;
. descobre que é uma verdadeira guerreira cheia de força e coragem, pois num país onde ainda é difícil ter, para grande parte da população, a satisfação das necessidades básicas que conferem o estatuto de uma vida digna, ela não desiste; e dia após dia vai à luta para que no final da tarde haja comida na mesa para a sua prole;
. constata que mais brinquedos não significam mais felicidade para os seus filhos, pois a felicidade por este lados encontra-se noutras coisas, como ser saudável, ter uma boa alimentação, poder andar descalço na terra seca, comer frutos tropicais maravilhosamente maduros e doces à tarde que foram colhidos de manhã ou ir à escola para saber ler, escrever e quem sabe no futuro ter uma profissão digna.

Dou por mim a relativizar certas preocupações minhas, quando olho para estas mães que trabalham mais de 12 horas por dia, sob o sol escaldante e com o filho às costas.

Dou por mim a relativizar certas exigências dos meus filhos quando olho para estes filhos a quem o facto de pouco terem não lhes tirar o sorriso aberto e sincero.

Dou por mim a pensar em como sou uma privilegiada, por tudo. E em como estas mães são para mim uma inspiração...

7 de janeiro de 2016

FOI PRECISO VIR PARA ANGOLA PARA...

... iniciar uma tradição: cozinhar bolos e bolachas com os miúdos, para o fim de semana começar mais docinho!

Lembro-me perfeitamente de ajudar a minha mãe a bater as claras para o seu maravilhoso bolo de chocolate, que eu, o meu irmão e o meu pai devorávamos num instante! E quando a massa era vertida para a forma de bolo, a taça onde tinha sido feita era meticulosamente "limpa" com a ajuda do famoso utensílio denominado "salazar" e à falta deste, com os dedos. Os "bigodes" de chocolate com que eu e o meu irmão ficávamos após a limpeza da taça eram de chorar a rir. E as mãos pareciam terem andado na lama, de tão sujas de massa de chocolate ficavam.

Pois bem, agora passou a ser a minha vez de confeccionar bolos com a ajuda da criançada e de me rir com os "bigodes" de chocolate" e as mãos assustadoramente sujas que ficam após a "limpeza" da taça.

(a dieta é que não gosta nada desta nova tradição...)

Pasteleiras afincadamente a trabalhar

A melhor parte de se fazer bolos? "Limpar" a taça onde se fez a massa, pois claro!

Queques de baunilha com cobertura de chocolate

6 de janeiro de 2016

NOVO ANO...

... novo calendário, novos cortes de cabelo, nova escola, novas rotinas escolares, novos desafios para conhecer novas amizades, novas fardas escolares, novas ansiedades maternais (ou se calhar as mesmas de sempre...), novos trabalhos de casa, novas horas de ir para a cama, novas horas para acordar.

Muita coisa nova a acontecer por estes lados.

Mas algo vai-se manter igual: a saudade de quem comigo partilhou sempre os novos anos lectivos, as novas aprendizagens, as novas ansiedades maternais (ou se calhar as mesmas de sempre...), os novos desafios vividos e apresentados pelos petizes...

Um beijinho grande para ti Amiga, também estás sempre comigo! 

5 de janeiro de 2016

Olá!

Minha querida Amiga que estás a tantos quilómetros de mim:
estive ausente.
Mas sempre contigo em pensamento!
Fui realizar um sonho e deixei-me levar pelas mãos que seguram o meu coração (mas, shiu! não lho digas!) à minha querida capital londrina, que apresentei aos meus queridos filhos.

O meu coração começou a bater tão forte quando dei de caras com um marco, tendo um filho em cada mão.
As lágrimas começaram a formar-se.
A voz começou a fraquejar.
A respiração a ficar ofegante.
Tudo indicava uma explosão emotiva que só mesmo eu seria capaz de entender.
E foi então que... os F e E repararam nos carros e começaram a desfiar o rosário das marcas.

Achei que fora a forma de eles processaram a emoção que também estariam a sentir e não pensei muito nisso!

Outro dia.
Outro monumento - daqueles que todos reconhecem de tanto que se vê em livros, revistas, televisão e afins.
Volta tudo ao início: o meu coração voltou a bater muito forte; as lágrimas começaram a formar-se; a voz começou a fraquejar; a respiração a ficar ofegante. Tudo preparado para nova explosão emotiva ...
E foi então que ... os F e E repararam nos patos, nos cisnes, nos esquilos e nos pelicanos.

Pensei que estava a lidar com casos perdidos!
Pensei que tinha falhado!
Mas não: uma visita a um museu e um desabafo no avião fizeram-me compreender que não só dão valor a estes momentos, como os guardam como tesouros preciosos.

Afinal, não ando a falhar!
;)

4 de janeiro de 2016

SEM COMENTÁRIOS...

"ESTÁS A TAPAR-ME OS OLHOS E A VISTA!!!!!"
Pérola dita por M.

Possíveis variantes:
. "Pára de puxar o meu cabelo e o couro cabeludo!!!!!"
. "Não quero mais que me molhes com água, é molhada!!!!!"
. "Porque é que temos ouvidos nas orelhas?!?!?!"
. "Gosto de ter um irmão e uma irmã. Mas se tivesse uma irmã e um irmão também era bom!"

... and so on...

1 de janeiro de 2016

ELES ANDAM AÍ...

Gafanhoto angolano dizendo com o olhar: "só estou à espera que abras uma janela para entrar dentro da tua casa"

Para além da nova tarefa matinal, obrigatória por estes lados, de besuntar a pele com repelente para insectos, constatámos recentemente a necessidade de implementar uma outra: na hora de sair da cama, inspeccionar se há seres vivos rastejantes debaixo da cama ou no metro quadrado circundante da cama. Antes de tirar os pés da cama e os pousarmos no chão. 

Chegámos a esta conclusão após alguns sustos e gritos desesperantes da parte da R. e da M.: "MÃE!!!! MÃÃÃAÃÃEEEEEEEE!!!! SOCOOOOOORROOOOO!!!!! ANDA CÁ DEPRESSAAAAAAA!!!"

"Minha nossa, magoaram-se valentemente ou caiu um pedaço de tecto, ou está uma serpente de 3 metros de comprimento e 20 cm de diâmetro no quarto delas!!!!" - pensei eu enquanto corria em direcção ao quarto delas.

Não. Nada disso. Apenas uma barata - com uns respeitáveis 6 cm de comprimento, é certo... - ou uma aranha ou um gafanhoto pequeno mas enervantemente saltitão estavam a causar o pânico!

Apesar de vivermos numa casa de betão e cimento construída num terreno desbravado e circundado por outras construções habitacionais e de comércio e estradas, a natureza no seu estado mais puro mostra-nos constantemente que o Homem nunca a vencerá e tomará o seu lugar. 

Estes seres pequeninos ensinam-nos, todos os dias, que nós, humanos, podemos cá estar muito tempo, mas quem manda neste lugar... são eles!